Casa da sogra

Deus fez o mundo em 6 dias e no sétimo descansou. Porém, ainda não satisfeito com todas as maravilhas de sua obra, desejou ainda um “grand finale”. Então, pensando nas mais belas cores, nos melhores perfumes da natureza, nas paisagens mais iluminadas, nos mais marcantes e deliciosos sabores, no oitavo dia, Ele criou a Provence”!

Diante de praias paradisíacas, montanhas de neve, rochas milenares, cidadezinhas encantadoras e antigas ruínas, não é à toa que este cenário de sonho, situado no sudeste da França, entre os Alpes e o Mediterrâneo, serviu de inspiração para grandes artistas. Van Gogh, Cezanne, Matisse, Picasso, atraídos por uma luz natural incomum, que torna mais saturados os tons vibrantes dos intermináveis campos de lavanda, girassóis, papoulas, e das magníficas flores de estação, esses gênios pintaram ali muitas de suas principais obras.

As maravilhas da Provence merecem uma visita!

Elas são numerosas e bem diferentes umas das outras, por isso, meu conselho é não fazer escolhas e tentar visitar tudo. Da deslumbrante Marselha até a serena Aix-en- Provence, do sublime rio Verdon até o sedutor Luberon, tornam esse canto do planeta o xodó dos franceses e uma grande pedida para os turistas.

A costa mediterrânea, onde estão algumas das estações balneárias mais famosas e badaladas do mundo, nos presenteia com um espetáculo magnífico estrelado pelas montanhas rochosas e o azul turquesa do mar. Não muito longe disso tudo, a região possui vestígios greco-romanos imperdíveis. Podemos vê-los em Nice, em La Turbie e em Vaison La Romaine, que guardam alguns tesouros da época.

Imaginem passear pelas pequenas e estreitas ruas de vilarejos, praticamente “pendurados” nas montanhas! Muitos deles, antigas fortalezas medievais, onde é possível visitar seus castelos e vislumbrar do alto de suas torres panoramas que deixam qualquer um boquiaberto.

A Provence é um lugar onde os sentidos humanos fazem um curso de pós-graduação e são desafiados a cada esquina. Todas essas paisagens que se transformam em colírio natural para a visão, casam perfeitamente com o clima ameno e ensolarado, com a brisa suave que pode ser sentida no verão, com o barulho do mar batendo nas rochas, com a música dos passarinhos e das famosas cigarras, com o perfume das plantações, das flores, dos vinhedos. E se o paladar acha que vai ficar de fora, ledo engano! Ele também tem um lugar privilegiado nesse “casamento”. Conhecido pela riqueza e pela qualidade de seus produtos, esse pedacinho da França também pode ser degustado. Grande produtora de azeites e de uma enorme variedade de ervas, a culinária provençal é um capítulo à parte na cozinha francesa. Chamada de Cuisine du Soleil (cozinha do sol) se baseia nos produtos típicos da estação, por isso é colorida, repleta de sabores, cores e texturas. Claro que para regar tudo isso, a natureza, sempre sábia, não esqueceu o clima próprio para produzir excelentes vinhos. Os rosés são os mais célebres, mas podemos encontrar igualmente ótimos brancos e tintos.

Falar da Provence para mim, é muito suspeito, muito passional! Não saberia descrevê-la sem usar os maiores superlativos, não poderia jamais falar sem o coração! Foi o lugar onde desembarquei do Brasil, a primeira vez que vim a França, a primeira impressão que tive desse país, onde fui recebida de braços abertos, por uma família que até então era totalmente distante e estranha para mim. É falar de vida simples e farta! É falar do cheirinho de aconchego, da lareira queimando cascas de bergamota, do sol forte no jardim florido, da horta, da caça aos ninhos de Páscoa em volta das árvores no pomar. É das brincadeiras entre primos, dos almoços demorados de domingo. É falar da casa da vó e, no meu caso, no melhor significado que isso possa ter, é estar na casa da sogra.

Deixe um comentário