Maria Antonieta: a Rainha da Moda

E a primeira influencer mundial!

Retrato de jovem Maria antonieta, 1767. Martin Von Maytens.

Que a França é uma referência internacional de Moda todos nós sabemos. Essa relação com a criação de tendências e com ícones de estilo é antiga, remete pelo menos à corte francesa de Luís XIV no século XVII. Depois do Rei Sol, que foi um verdadeiro lançador de modas, foi a vez das mulheres da corte no século XVIII tornarem-se as novas “influenciadoras”. Entre as mais famosas estrangeiras que se tornaram símbolo do estilo francês, uma das pioneiras e mais lembradas é Maria Antonieta (1774 – 1792). Filha de um dos impérios mais tradicionais da Europa, os Habsburgo da Áustria, casou-se aos 14 anos com o herdeiro do trono francês, o futuro Luís XVI. Logo que chegou na corte de Versalhes, Maria Antonieta percebeu o poder da Moda e das aparências nesse meio, sua personalidade única e sua origem estrangeira permitiram que ela experimentasse e vivesse a Moda de uma forma muito própria.

Maria Antonieta em traje de corte, 1775. Jean Baptiste Dagoty.

A Moda para Maria Antonieta era escapismo, mas também uma ferramenta política potente na formação de uma imagem pessoal. Todo esse domínio sobre estilo a tornou logo uma espécie de “influencer” da época. Ela entrou para a história como uma verdadeira Rainha da Moda! Muitos truques de estilo das francesas que parecem atuais, ou mesmo tendências gerais de moda, já aparecem no repertório desse ícone fashion. O primeiro deles é o uso de elementos masculinos na roupa feminina, por exemplo. Já no século XVIII, o look das mulheres para cavalgar tinha alguma inspiração no traje militar masculino, como o modelo do casaco e seus botões, claro que saias longas com anáguas e espartilho não eram dispensadas, e as mulheres de respeito deviam montar de lado. Maria Antonieta insistia em montar como um homem, com as pernas abertas e usando calças, uma verdadeira revolucionária.

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Maria Antonieta em traje de equitação, 1771. Joseph Krantzinger.
Maria Antonieta à cavalo, 1781. Louis Auguste Brum.

Durante um período Maria Antonieta ficou entusiasmada pelas ideias dos filósofos iluministas, de uma vida mais simples e próxima da Natureza. Como isso afetou seu guarda-roupas? Ela estava exausta do traje oficial da corte, que exigia não só o espartilho apertado, como uma estrutura imensa nas saias, chamada “paniers” (cesto), tecidos pesados e muitos detalhes. Começou a usar tecidos de algodão e adotou o vestido chemise.  Isso mesmo, apareceu usando um vestido mais leve e simples que segundo os críticos parecia uma camisa de baixo, e voilà, mais uma peça com a assinatura da Rainha.

Maria Antonieta em vestido chemise, 1783. Elisabeth Vigée Le Brun.

A cartela de cores associada às suas roupas é na verdade um reflexo do gosto da época e da arte do chamado estilo Rococó. O uso do giz pastel, que produz as tonalidades suaves, saiu do desenho para a Moda. Muitas vezes ficamos com a impressão de que seu guarda-roupa parecia uma loja de doces, com as agradáveis tonalidades dos macarrons. As estampas florais delicadas expressavam o gosto pelos jardins e os passeios ao ar livre. Porém, cores solenes apareciam nos looks oficiais, como o azul Royal da família Bourbon, o vermelho e o bordô que são associados com a realeza e o preto como um tom elegante. As sedas tendiam a ter um certo brilho, tornando as cores ainda mais luminosas.

Ilustração de moda do século XVIII com a imagem de Maria Antonieta.

Maria Antonieta sofreu muitas críticas por gastos excessivos com a aparência, mas ao mesmo tempo seu estilo pessoal reforçou a imagem da França como o país da Moda. A publicidade de Moda da época era feita através de ilustrações que circulavam por toda Europa, muitas delas mostravam os trajes da Rainha da França ou tinham mesmo seu rosto, que era capaz de despertar o desejo de consumo entre as nobres e burguesas ricas de todo continente! Seu estilo único tornou-se uma verdadeira marca pessoal que a faz ser lembrada e referida na Moda, no cinema e na publicidade até os dias de hoje.

Esse post foi escrito pela Laura Ferraza, que é professora e historiadora especialista em História da Moda e Arte pela Sorbonne.

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